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Enquanto brasileiros morriam de COVID, milhões de reais para o tratamento da doença eram desviados

A Polícia Federal (PF) está conduzindo uma investigação detalhada sobre um suposto esquema de desvio de recursos públicos relacionados à compra de respiradores pulmonares pelo Consórcio Nordeste em 2020. O valor de R$ 48,7 milhões foi pago antecipadamente à empresa Hempcare, que nunca entregou os equipamentos.

O inquérito revela que a quantia foi desviada por meio de transferências bancárias para pessoas e empresas sem ligação com a aquisição dos ventiladores.

De acordo com a investigação, a Hempcare, após receber o pagamento, transferiu os recursos para terceiros, que, por sua vez, dissiparam os valores em novas transações. Os fundos foram utilizados para adquirir bens de luxo e pagar despesas pessoais, como faturas de cartão de crédito e mensalidades escolares.

A PF aponta que o dinheiro nunca chegou a uma empresa que efetivamente trabalhasse com a compra de ventiladores pulmonares.

Como o esquema de desvio foi estruturado, segundo a PF

Segundo a PF, o esquema de desvio foi estruturado através de uma série de transferências bancárias que ocultaram a origem dos recursos. A Hempcare, especializada em medicamentos à base de maconha, não tinha experiência na venda de equipamentos médicos, mas mesmo assim foi contratada para fornecer os respiradores.

Após o pagamento, a empresa esvaziou suas contas, repassando o dinheiro para diversas entidades sem relação com o contrato.

Ainda segundo a investigação, entre os beneficiários dos repasses, uma pessoa adquiriu veículos de alto valor, enquanto outra utilizou os fundos para quitar dívidas pessoais.

Além disso, a investigação identificou que pelo menos R$ 5 milhões passaram por contas de empresas de administração de bens e fundos de investimento, sem nunca serem utilizados para a compra dos respiradores.

Consequências para os envolvidos

O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu inocentar o então secretário-executivo do consórcio, Carlos Gabas, que autorizou o pagamento antecipado, apesar das irregularidades apontadas.

No entanto, a investigação da PF continua em andamento, e o caso foi recentemente devolvido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para prosseguir.

A empresária Cristiana Taddeo, dona da Hempcare, admitiu em delação premiada ter pago comissões a lobistas que intermediavam o contrato. Ela devolveu parte dos recursos desviados aos cofres públicos. A PF também investiga se essas comissões foram repassadas a funcionários públicos.

Clyverton da Silva

Jornalista e revisor, especialista em benefícios.

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