Após golpe do INSS, usuários do Caixa Tem também podem ter sido vítimas de fraude
Entre os anos de 2020 e 2025, uma complexa rede criminosa teria sido responsável por desviar aproximadamente R$ 2 bilhões utilizando o aplicativo Caixa Tem. Desenvolvido pela Caixa Econômica Federal, o aplicativo foi uma ferramenta crucial para o pagamento do Auxílio Emergencial e outros benefícios sociais durante a pandemia de Covid-19.
A Polícia Federal está investigando o caso, que envolve a manipulação de dados pessoais de beneficiários para saques indevidos.
O esquema foi revelado por uma investigação da Folha de S. Paulo. Os criminosos teriam oferecido propinas a funcionários da Caixa e de casas lotéricas para obter informações pessoais dos beneficiários. Com esses dados, eles conseguiam simular acessos legítimos ao Caixa Tem, desviando os recursos diretamente das contas das vítimas.
Como funcionava o esquema de fraude
A organização criminosa utilizava programas que emulavam celulares em computadores, permitindo o acesso simultâneo a múltiplas contas. Essa técnica possibilitava a realização de centenas de acessos diários, com fraudes de pequenos valores que, somadas, resultavam em cifras milionárias.
Desde o lançamento do Caixa Tem, em abril de 2020, cerca de 749 mil processos de contestação foram registrados.
O banco já ressarciu aproximadamente R$ 2 bilhões às vítimas de fraudes, de acordo com dados da Polícia Federal. Em 2021, uma investigação revelou a venda de dados de usuários e como os criminosos contornavam o sistema de verificação da plataforma.
Na época, a Polícia Federal conseguiu evitar o desvio de R$ 2,3 bilhões, mas um relatório do Tribunal de Contas da União indicou que até R$ 42 bilhões podem ter sido pagos indevidamente.
Ações da Polícia Federal
No último dia 15 de abril, a Polícia Federal realizou uma operação que cumpriu 23 mandados de busca e apreensão em várias cidades do Rio de Janeiro. Durante a operação, foram apreendidos 20 celulares, seis notebooks, dois veículos e diversos documentos.
Os investigados podem responder por crimes como organização criminosa, furto qualificado, corrupção ativa e passiva, além de inserção de dados falsos em sistemas de informação, com penas que podem chegar a 40 anos de prisão.