O Kwai, uma plataforma de compartilhamento de vídeos curtos, tem ganhado destaque entre as classes sociais C, D e E, além de atrair um público mais velho. De acordo com dados da Comscore de dezembro de 2024, 37,4% dos usuários têm 45 anos ou mais, e 16,5% pertencem às classes DE. Este perfil demográfico é o mais expressivo entre todas as redes sociais no Brasil.
O apelo do Kwai para essas camadas sociais pode ser atribuído à sua interface amigável e ao conteúdo diversificado, que atende a interesses variados. No entanto, essa popularidade também atraiu a atenção de estelionatários, que veem na plataforma uma oportunidade de atingir indivíduos em situação de vulnerabilidade.
Por que o Kwai é visado por estelionatários?
Os criminosos digitais escolhem o Kwai estrategicamente devido à maior probabilidade de encontrar pessoas suscetíveis a golpes. Segundo especialistas, essa escolha não é aleatória. A vulnerabilidade de certos grupos sociais torna-os alvos fáceis para interações enganosas, como golpes financeiros e roubo de dados pessoais.
Além de receber transferências via Pix, os golpistas conseguem acessar logins e credenciais de contas do portal gov.br. Essas informações são extremamente valiosas. Através do portal gov.br, é possível acessar dados como imposto de renda e números de telefone, o que pode ser explorado de diversas maneiras pelos criminosos.
Como os golpes são divulgados no Kwai?
Os vídeos de golpes no Kwai são promovidos como anúncios pagos, o que significa que passam pelo sistema de aprovação da plataforma antes de serem exibidos. No entanto, esses anúncios não permitem comentários e não fornecem informações de contato, dificultando a denúncia e a identificação dos responsáveis.
O Kwai não mantém um inventário dos anúncios, o que impede auditorias externas e dificulta a verificação de fraudes. As propagandas não possuem URLs que possam ser copiadas ou verificadas, o que complica ainda mais a detecção de conteúdos fraudulentos. Para relatar um golpe, muitas vezes é necessário gravar a tela do celular com o vídeo suspeito.
